Anselmo Brombal – Jornalista
Tenho enorme simpatia pelo Palmeiras, e não escondo disso de ninguém. Mas não sou fanático, nem vou aos estádios. E o Palmeiras agora preocupa. Cansada de ser criticada pelas torcidas organizadas, a presidente Leila Pereira – Tia Leila – dona da Crefisa, deu uma entrevista que chocou muita gente. Mas gostei. Mostrou coragem e personalidade. E, em vez de fazer política, com falas estudadas, falou o que pensava.
Antes do patrocínio da Crefisa, o Palmeiras estava no ó-do-brogodó. O dinheiro ajudou, e muito. Tia Leila conseguiu se eleger presidente, sucedendo Paulo Nobre. Ambos fizeram muito pelo Palmeiras. Com dinheiro da Crefisa, o Palmeiras passou a ter uma equipe competitiva e um técnico que mudou a forma de pensar cá no Brasil – o português Abel Ferreira.
E o Palmeiras passou a ganhar títulos com frequência. Mas as torcidas organizadas querem mudanças. Estão bravas porque com Tia Leila no comando acabou a mamata delas receberem dinheiro do clube. Acabou a interferência de torcidas e conselheiros, chamados cornetas, na formação do time. Tia Leila cuida do dinheiro, Abel Ferreira cuida de fazer a equipe jogar.
Tia Leila comprou um avião. E o avião é dela, não do Palmeiras. Mas alguns dirigentes de torcida embaralharam tudo, atribuindo ao Palmeiras a posse do avião. Tia Leila não saiu como uma louca comprando jogadores, mas as torcidas acusaram-na de não ir atrás de reforços.
Mas com Tia Leila o Palmeiras passou a ter dois estádios. O primeiro, o antigo Parque Antártica, reformado. O segundo, o de Barueri. E, bom lembrar que outros grandes times só tiveram seu estádio à custa de favorecimentos políticos. O São Paulo praticamente ganhou o Morumbi do então governador Laudo Natel. O Corinthians conseguiu o seu de um jeito nada ortodoxo, e até hoje não pagou por isso. Deve os tubos.
É mais que evidente que existe gente por trás dessas manifestações de torcidas. Gente com nome e sobrenome. Conselheiros acostumados à antiga mamata, que agora querem derrubar Tia Leila insuflando (e pagando) as organizadas. É bom lembrar que antes de Tia Leila havia conselheiros que compravam e vendiam jogadores. E não era por amor ao clube. Era por gordas comissões. E na mesma entrevista, a presidente ameaçou veladamente deixar de patrocinar o Palmeiras com sua Crefisa, avisando que sem dinheiro o time vai para a segunda divisão.
Deixando o Palmeiras de lado. Será que o Paulista de Jundiaí, que já conseguiu ganhar uma Copa do Brasil (em 2005) não está precisando de uma Tia Leila para tomar vergonha? Quando o Paulista foi grande, conquistou um vice-campeonato paulista e a Copa do Brasil. Quem mendava de fato era o pessoal da Parmalat. Profissionalismo ao extremo, sem interferências de torcida e sem a politicagem de conselheiros.
Hoje o Paulista FC é um arremedo de equipe de futebol. Deve horrores, e não tem dinheiro nem para as despesas do dia a dia. Decisões de diretores acontecem em segredo. Possíveis patrocinadores têm medo de colocar dinheiro bom num negócio ruim.
E assim, de tropeço em tropeço, a cidade continua passando vergonha. E então, Tia Leila está errada?
