sexta-feira, 20 setembro, 2024
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Uma putaria chamada Brasil

Anselmo Brombal – Jornalista

Quando você vê filmes sobre a Chicago ou a Nova Iorque do começo dos anos 1920 até 1950, talvez tenha tido a impressão que isso é coisa do passado. Mafiosos controlando boates e inferninhos; apostas em corridas de cavalos e jogos de beisebol; mulheres agitando as noitadas, exercendo a mais antiga profissão do mundo. Passado? Não. Nosso país mantém esse costume. De outras formas, mas a essência é a mesma.
Não há hoje homens de paletó e gravata atirando com metralhadoras Thompson. Nem fumando grandes charutos. Nem usando chapéus. Hoje há homens e mulheres atirando com AR-15 ou Ak-47, pistolas semiautomáticas. Nem se usa mais chapéus, agora substituídos por toscos bonés. Nada de paletó e gravata – as bermudas se adaptam melhor ao clima tropica. Nem clássicos Pontiacs ou Fords; os carros são mais modernos e velozes.
As apostas estão oficializadas. Não bastassem as loterias do próprio governo, há dezenas, talvez centenas de casas de apostas. São as empresas “bet”. Anunciadas na TV, no rádio e nos estádios de futebol. O governo vê com bons olhos essas casas de apostas. Está de olho nos gordos impostos que elas terão de pagar. E isso não começou agora – há anos que isso se tornou praga. E nem se cita o jogo do bicho, tradição centenária tupiniquim.
E as mulheres? Elas se multiplicaram por centenas, milhares. Não precisam mais se esconder nos inferninhos. Agora são “casa de massagem” ou “espaço masculino”. Na realidade, uma fachada, uma vez que a finalidade é sexo. De todas as formas possíveis. Anunciadas principalmente na internet. Uma confissão de que é rufianismo, ou seja, crime. Uma mulher se prostituir não é crime. Explorar a prostituição sim.
Além das “casas de massagem” e “espaços masculinos”, há as avulsas, as independentes, que agem por conta própria. E igualmente anunciam seus serviços. Com detalhes – faço isso, faço aquilo. Com preço, forma de pagamento e horário de atendimento. Muitas levadas a isso por necessidade. Outras por comodidade. Ou até iludidas pela difícil vida fácil.
Ao governo isso também interessa. Não por possíveis impostos. Mas pela calma que o sexo pode proporcionar aos mais violentos e mais ansiosos. Que ninguém estranhe se um dia o governo criar o Bolsa-Sexo. Há “justificativas”, que certamente serão endossadas por políticos e pela imprensa capacho. Dirão que o sujeito disposto ao crime sai de casa com um objetivo – assaltar, estuprar – e no meio do caminho se lembra que tem no bolso um cartão, o vale-cópula. Faz sexo, fuma sua maconha, e se acalma. Troca o sangue-nos-olhos pela letargia.
Não é moralismo, nem santidade. Acontece que sexo e jogatina se tornaram coisas normais, banais. Há consequências. Basta notar o número de mulheres adolescentes, quase crianças, carregando seus bebês. Sem família, sem marido. Que vivem da ajuda oficial, paga por todos nós.
E, inapropriadamente, dão a essas mulheres o rótulo de “putas”. Nada condizente. Puta era uma deusa das mitologias grega e romana, uma deusa menor da agricultura, que presidia a poda das árvores. Nos dias atuais, fazem outro tipo de poda. Podam o salário de quem busca seus “cultos”.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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