sábado, 14 dezembro, 2024
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Brasil é o terceiro país que mais consome redes sociais

Uso constante tem impactos econômicos e psicológicos, além de gerar riscos

O Brasil é o terceiro país que mais usa redes sociais no mundo, atrás apenas da Índia e da Indonésia. Todo o tempo gasto por brasileiros nas plataformas de interação tem impactos econômicos e solidificou novas possibilidades profissionais no país. Mas o instrumento, que pode ser usado de forma saudável para ampliar a sociabilidade, também leva a prejuízos. Os danos são tanto psicológicos, se a imersão é excessiva, quanto financeiros, se não há cuidados num terreno que golpistas transformaram em um campo minado.
Segundo um levantamento feito pela Comscore, de janeiro de 2020 até o fim do ano passado, o tempo gasto pelos brasileiros nessas plataformas aumentou 31%, chegando a 356 bilhões de minutos. Ou seja, cada usuário passou 46 horas em redes sociais em dezembro. Isso é mais do que o investido em sites multicategoria, entretenimento, presença corporativa, varejo e serviços financeiros on-line.
“O brasileiro é naturalmente comunicativo e expansivo e tem essa tendência de se mostrar, compartilhar o seu dia a dia. A gente tem toda uma sinergia com a maneira de lidar com as redes sociais. Então é uma questão cultural a ser considerada, explica Roberto Kanter, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV). E obviamente isso faz com que as principais redes sociais do mundo olhem para o Brasil de um jeito muito especial. Toda rede social que quer ser lançada coloca o Brasil em segundo lugar para validar mercado”.
Professor do Ibmec RJ, Victor Azevedo exemplifica esse tipo de interesse pelo público brasileiro. “O stories do Instagram foi testado aqui para avaliar o comportamento do público perante a nova ferramenta, numa época em que o Snapchat tomava uma fatia considerável do mercado nacional”, relembra o especialista.
O uso intensivo das redes sociais no país não chama a atenção somente dessas empresas. O movimento tem diversos impactos na economia brasileira: companhias investem na publicidade dentro dessas plataformas, principalmente por meio de influenciadores digitais; bares têm surgido ou se adaptado para serem “instagramáveis”, ou seja, com ambientes e cardápios mais atrativos para fotografias; e profissionais comercializam cada dia mais por meio dessas ferramentas de interação.
“Alguns profissionais usam as plataformas como um meio de vendas, outros buscam capital social. Contudo a escalabilidade pode encabeçar como a característica principal que gera impactos econômicos. A escalabilidade permite vender mais com o mesmo tempo que tem, já que os processos e o que está sendo vendido está digital, ou seja, um vídeo estará existindo mesmo que a pessoa esteja dormindo, e isso pode ser convertido em algum tipo de capital”, explica Azevedo.
Segundo a pesquisa do Instituto Delete, não há relação entre o tempo de utilização e a dependência das redes sociais. Mas o uso deve ser consciente, sem atrapalhar o real. Os brasileiros têm ido mal neste desafio, no entanto. Apenas três em cada dez têm uma relação saudável com as redes. E dos sete restantes, três ultrapassam o nível do uso abusivo e desenvolvem dependência patológica. A hiperexposição, em consequência, pode gerar até transtornos primários, como depressão, pânico e fobia social.
YouTube, Facebook, Instagram e TikTok são as plataformas mais acessadas, nesta ordem, seguidas do Kwai, Twitter, Pinterest e LinkedIn. E estar em uma rede social não é suficiente para quem quer ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo: 51,3% dos usuários que acessam o Instagram, por exemplo, também acessam o TikTok.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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