quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Abril Lilás alerta sobre câncer de testículo

Podendo acontecer dos 15 aos 50 anos, o tumor pode acabar passando despercebido ou sendo mascarado por um processo inflamatório. Oncologista comenta sinais para ficar de olho e importância do tratamento precoce

Dentre os tipos de câncer que mais afetam a população do gênero masculino, certamente o de próstata figura entre os mais lembrados. Contudo, ainda poucas são as menções a um outro tipo de tumor que, apesar de menos incidente, responde por cerca de 5% de todos os tumores malignos detectados entre eles – e em sua grande maioria atinge os mais jovens: o câncer de testículo.
Esse tipo de neoplasia afeta de forma mais frequente homens com idades entre 15 e 34 anos. Nessa fase, segundo dados do Ministério da Saúde, existe a chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo.
“É comum que a descoberta do tumor aconteça durante a higiene com aumento do volume do testículo ou nódulo geralmente indolor, por isso o autoexame na região é a melhor forma de garantir a detecção de qualquer alteração”, comenta a médica oncologista Pamela Muniz.
Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce fora da bolsa escrotal, ou seja, fora da posição normal, pertencem ao grupo com maior chance de desenvolver a doença. Outros fatores de risco incluem história familiar ou pessoal prévia de câncer de testículo e a infertilidade. Outros fatores como vasectomia, litíase e trauma escrotal não são fatores de risco para câncer de testículo.
Entre os sinais mais comuns da doença estão: o aumento ou a diminuição do testículo e o aparecimento de um nódulo duro que, na maioria das vezes, não provoca dor. Pode-se notar ainda a sensação de um peso ou dor na região abdominal. Esses achados podem ser percebidos após trauma local, ainda que não haja uma relação de causa-consequência estabelecida entre esses fatores.
“Quando falamos de forma geral sobre câncer masculino é natural que as pessoas relacionem o termo apenas à ocorrência de tumores da próstata, principalmente por conta das campanhas globais de conscientização, como o Novembro Azul. Apesar disso, é fundamental que as pessoas passem a conversar também sobre outros tipos de tumores que afetam exclusivamente o gênero masculino, como é o caso do câncer de testículo e do pênis”, frisa a especialista.
Após exame clínico para verificação da presença de nódulos palpáveis ou alterações que sugiram câncer, um dos principais exames para confirmação diagnóstica é a ultrassonografia da bolsa escrotal, que identifica a lesão. Também são solicitados exames laboratoriais para a identificação de marcadores tumorais que contribuem para estratificar o risco da doença em questão e definir o melhor tratamento complementar após a cirurgia, como a alfa-fetoproteína, beta-HCG e DHL.
É realizada também uma avaliação sistêmica completa para o rastreio de metástases e, portanto, exames de imagem do tórax e do abdome são habitualmente solicitados. A orquiectomia (retirada do testículo) é um procedimento considerado diagnóstico e terapêutico assim que confirmados nódulos ou massa no exame físico e de imagem.
Mesmo que o nódulo seja pequeno, o tratamento costuma ser sempre cirúrgico, optando pela retirada para análise anatomopatológica ao microscópio. “Após a cirurgia, pode existir ainda um tratamento posterior com quimioterapia, radioterapia ou até mesmo o seguimento clínico com exames. É muito importante que esse paciente faça o acompanhamento regular indicado pelo especialista. A partir disso, pode-se investigar a presença da doença em outros órgãos e agir o mais rápido possível para oferecer o melhor ao paciente”, comenta Pamela.
Apesar de raro, o câncer de testículo é altamente curável. “Com o tratamento precoce, as chances de cura podem chegar a mais de 95%. O maior risco de recidiva da doença está nos primeiros 2 a 3 anos do diagnóstico, embora o acompanhamento próximo se mantenha ao longo dos primeiros 5 anos”, comenta a oncologista.
Antes do início do tratamento contra o câncer, é importante levantar questões sobre a vontade de ter filhos. Uma das alternativas é considerar o armazenamento de sêmen, em um banco apropriado, para o uso futuro.
A oncologista Pamela Muniz alerta que como a fertilidade pode ser afetada, é muito importante conversar com o médico para as melhores alternativas de preservação antes de qualquer abordagem terapêutica. “Antes do tratamento, é fundamental que o tema da fertilidade seja abordado: divida com seu oncologista suas preocupações e esclareça todas as dúvidas. O médico tem esse importante papel de não somente indicar o melhor tratamento, mas também de orientar e desmistificar questões pouco comentadas impactadas pela doença em si e pelos seus tratamentos específicos”, finaliza.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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