sexta-feira, 26 julho, 2024
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Uma cópia mal feita e desastrada

Anselmo Brombal – Jornalista

No dia 8 de janeiro deste ano, “manifestantes” invadiram o Palácio do Planalto, em Brasilia. Foram os chamados “atos antidemocráticos”, que resultaram na prisão de mais de mil pessoas, enviadas para um campo de concentração a mando do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Novidade? Não. Passadas semanas, divulgou-se imagens de câmeras de segurança. E elas comprovam que a depredação que se seguiu à invasão, foi facilitada por quem deveria proteger o prédio. Comprovou-se também que na turba invasora havia inúmeros militantes do PT. E isso leva à única conclusão possível – a invasão e a depredação foram uma armação.
E essa armação nada mais é que uma cópia bem mal feita de um episódio ocorrido na Alemanha em 1933. Naquele ano, no dia 27 de fevereiro, grupos de nazistas incendiaram o Reichstag, o equivalente ao nosso Congresso Nacional. E os nazistas trataram de colocar a culpa nos comunistas, dando mais poder ao então chanceler Adolf Hitler.
Hitler havia assumido a chancelaria alemã no dia 30 de janeiro daquele ano e queria mais poder. Sonho antigo, mais que expresso em seu livro Mein Kampf (Minha Luta). Os nazistas afirmaram – e convenceram – que o incêndio fazia parte de uma conspiração. E todo poder foi dado a Hitler. O final da história já é conhecido.
O caso brasileiro não deu o resultado esperado pelos seus organizadores. Tentaram, mas incompetentes até nisso, não conseguiram. Em 1933 não havia câmeras de segurança, nem Internet, e aí prevaleceu a versão dada pelos nazistas. Hoje a história é outra. Tantas dúvidas e tantas certezas levaram deputados e senadores (não todos) a criarem uma Comissão Parlamentar de Inquérito, uma CPI. Criaram, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está adiando sua instalação. A mando da presidência.
E por que o governo tem tanto medo da CPI? Por um motivo simples demais – vai comprovar que tudo não passou de armação. Tal como os nazistas, o governo fala em democracia. Tanto que a imprensa sabuja trata o episódio como “atos antidemocráticos”. Fala uma coisa, e faz exatamente o contrário. Ou seria normal manter mais de mil pessoas confinadas num campo de concentração, sem provas e sem processo legal?
Não resta a menor dúvida que o STF e o governo atual estão alinhadíssimos. Quase compadres. Ou comparsas. Desde que presidente cachaceiro tomou posse, o STF não se manifestou por nada. Durante o governo Bolsonaro, não passava dia sem que algum ministro questionasse um pouco de tudo. Para perturbar, para impedir o presidente de governar. Interferia em tudo. Agora parece que o STF nem existe.
Se o PT é incompetente para reproduzir um episódio ocorrido há 90 anos, é bom saber que o povo é competente para reproduzir um episódio mais antigo. A Tomada da Bastilha. E assim, talvez, surja um novo Robespierre…

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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