sexta-feira, 20 setembro, 2024
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Cuidado zero

Anselmo Brombal – Jornalista

É notório o descaso com que o Estado (união e estados) trata seu patrimônio. Exemplos existem às centenas, talvez milhares – obras abandonadas, veículos e máquinas deixados no tempo para apodrecer, sem que nenhuma autoridade tome conhecimento. Se tomam, esquecem. Alguns exemplos locais:
A Avenida dos Ferroviários, em Jundiaí, foi construída no leito da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que foi colocada na grande salada chamada Fepasa. A Prefeitura de Jundiaí não gastou um centavo sequer para ter a área. Simplesmente contruiu uma avenida. O prefeito da época, Walmor Barbosa Martins, só teve um problema: quando chegou à então Praça Mauá (em frente da estação ferroviária) foi confrontado por um engenheiro da RFFSA. Problema resolvido com a ameaça de uma desapropriação.
O mesmo aconteceu com o leito da antiga Estrada da Ferro Bragantina – depois Fepasa – em Campo Limpo Paulista. Hoje é a Estrada da Bragantina, e por ela é possível se chegar a Jarinu e Atibaia.
O antigo bairro do Varjão, também em Jundiaí, hoje Novo Horizonte, foi formado ao longo do caminho da mesma Sorocabana. Totalmente irregular no início, mas que, com o tempo, acabou se tornando regular. Fotografias antigas comprovam como foi a ocupação. O Estado, na época dono da Fepasa, não mexeu uma palha. Fez de conta que não viu.
Hoje o descaso, a falta de cuidado, está com a CPTM. Basta andar os poucos quilômetros na Marginal do Rio Jundiaí, em direção à Várzea e Campo Limpo Paulista, para observar um grande exemplo de cuidado zero. Para separar a área da CPTM da área da marginal, foram colocadas grades de ferro. Boa parte dessas grades já foi arrancada, provavelmente roubada e vendida em ferro-velho. Em outros trechos, alambrados caindo aos pedaços.
Na área da CPTM o mato se tornou floresta. A exceção é na proximidade dos trilhos, onde tudo parece em ordem. Metros após, um matagal de fazer inveja. E é possível notar, sem muito esforço, as clareiras formadas por incêndios. Cinzas, mato queimado. Em alguns dias, também é possível ver a Marginal do Rio Jundiaí tomada por fumaça de incêndios.
Sem grades e sem cuidados, e com toda a facilidade do mundo para invasões, o mato seco é um convite a qualquer piromaníaco. A CPTM não cuida. Não protege o que seria seu patrimônio. E até aqui só falamos sobre o mato e a falta de grades. Passageiros de seus trens contam que há vagões mais parecidos com um chiqueiro do que propriamente um trem.
Não adianta fazer campanhas e colocar avisos. Terrenos de grande extensão, como é o caso dos da CPTM, precisam ser protegidos. E que ninguém estranhe se algum grupo de sem-teto resolver montar seus acampamentos por lá. Aí então, certamente, a CPTM vai pedir à Justiça reintegração de posse. Vai ter polícia, vai ter confronto.
Coisas simples de evitar, se a CPTM cuidasse de si própria.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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