segunda-feira, 20 maio, 2024
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Aladino e a lâmpada mágica

Anselmo Brombal – Jornalista

O fato em si é hilário – dois presos fugiram de uma penitenciária de “segurança máxima” no Rio Grande do Norte. Até aí uma fuga de presos. Coisa que por aqui chega a ser normal. Divertidas mesmo estão as explicações de nossas “otoridades”.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que sucedeu Aladino, concluiu que os presos aproveitaram um alicate esquecido pelo pessoal que faz umas reformas por lá. O povo está querendo saber a marca desse alicate. Poderoso, forte, a ponto de cortar grades de aço de uma prisão. O ministro concluiu também que os presos passaram pelo buraco de uma lâmpada.
Como primeira medida, o mesmo ministro disse que vai mandar construir muralhas no presídio. Como assim? O presídio não tinha muralhas? Depois da fuga ser divulgada pela imprensa, o ministro afirmou que os fugitivos estavam num raio de 15 quilômetros do presídio. E colocou 500 policiais para procurar os dois malandros levados da breca. Até a noite de domingo não tinham achado ninguém. Para a história ficar melhor, o ministro poderia contar que, após passar pelo buraco da lâmpada mágica, os dois presos usaram um tapete voador para ir embora.
Ninguém engoliu a narrativa. Está mais que evidente que essa fuga foi facilitada. Está mais que na cara que há uma certa cumplicidade das nossas “otoridades” com a bandidagem organizada. Só para lembrar: durante a campanha eleitoral, o então senador Aladino visitou uma comunidade carioca dominada e governada pelo Comando Vermelho sem qualquer segurança. Sentiu-se à vontade e foi bem tratado pela marginália.
Mais lembrança: a “vitória” de Lula foi comemorada nos presídios, por ordem dos chefões. Nos presídios governados pelo PCC e nos governados pelo Comando Vermelho. Além de outras organizações menores, do mesmo naipe. E uma lembrança de coisas que aconteceram há 18 anos.
Em 2006, o PCC tocou o puteiro em todo o Estado de São Paulo. Decretou até toque de recolher. Matou policiais e deixou todo mundo com o c* na mão. Misteriosamente, todo o terror cessou de hora para outra. O governador do estado, na época, era Geraldo Alckmin. Hoje se sabe que houve um acordo de Alckmin e alguns líderes do PCC.
Alckmin hoje é vice-presidente da República. E isso torna ainda mais estranha essa relação incestuosa de “otoridades” com o crime organizado. O próprio presidente é um ex-presidiário, livre das grades por uma canetada do STF. O mesmo STF que colocou em liberdade o maior traficante das Américas, o André do Rap. André do Rap saiu pela porta da frente. Agora é apontado como o sujeito que controla o tráfico internacional de cocaína a partir do Brasil.
Moral da história. O destino dos presos tem três hipóteses. 1) podem ser apanhados e executados – queima de arquivo; 2) podem ser apanhados e devolvidos à prisão; 3) vão desaparecer e se esconder em algum país das vizinhanças, onde o PCC tem suas filiais.
As investigações vão culpar gente miúda. Vão apontar alguns funcionários de 5º escalão como culpados, e eles vão pagar o pato. Vão construir muralhas em todos os presídios federais, em regime de urgência, o que dispensa a realização de concorrência pública. Será preciso dizer que serão obras superfaturadas? Só se espera que durante tais obras ninguém mais esqueça alicates nos presídios.
E a comédia continua. Nòs pagamos o ingresso.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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