sábado, 4 janeiro, 2025
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Um país feito de mentiras

Anselmo Brombal – Jornalista

Todos nós nos queixamos que o presidente é mentiroso de marca maior. Talvez haja explicação: atavismo. Nosso país é feito de mentiras, desde que passou a existir até os dias atuais. Mentir por aqui é quase uma virtude. E provavelmente carreguemos essa pecha pelos próximos séculos.
O descobrimento do Brasil é uma mentira. Não se descobre o que já existe. Se acha. Portugueses e espanhóis sabiam que havia terras no outro lado do mundo. Colombo já havia “descoberto” a América oito anos antes. Os europeus navegantes acreditavam que tais terras eram a Ásia. Logo, Cabral não descobriu nada. Achou.
A chamada “carta do descobrimento” é outra mentira. Pero Vaz de Caminha, seu autor, descreveu a “descoberta” como se morasse por aqui há muitos anos e tudo conhecia. As praias, as florestas, as riquezas, os indígenas. Numa só tacada o Brasil começou com duas mentiras.
Bandeirantes não foram heróis. Eram verdadeiros bandidos, que iam aos sertões para saquear ouro, pedras preciosas e prender índios, que depois eram vendidos como escravos. Não usavam os trajes como foram retratados. Eram verdadeiros farrapos humanos.
Dom Pedro nunca disse “Independência ou Morte”. Talvez tenha dito “foda-se Portugal”. Não estava montado em cavalos puro-sangue, como retratou Pedro Américo. Na realidade, Pedrão veio para São Paulo em lombo de mulas para visitar a futura Marquesa de Santos, de quem era amante. E só parou nas margens do riacho Ipiranga para se aliviar, pois estava com uma caganeira e tanto. E a marquesa conquistou Pedrão graças ao boquete, coisa rara na época.
O Duque de Caxias nunca disse “Sigam-me os que forem brasileiros” na Guerra do Paraguai. Durante a batalha, o furdúncio era tão grande que era impossível tal coisa. Mas sua suposta frase entrou para a história.
A República foi proclamada por um vereador da Câmara do Rio de Janeiro. Naquele 15 de novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, que era monarquista, estava doente, na cama. Foi colocado em seu cavalo por outros oficiais e levado até o Campo de Santana. Deodoro queria a pele do Visconde Ouro Preto, chefe do ministério de Dom Pedro II. E tudo por causa de uma mulher. E somente na sessão da Câmara, no começo da noite, o vereador José do Patrocínio avisou que estava proclamada a República.
Nunca houve a Intentona Comunista de 1935. O que deu origem ao episódio foi um documento falso, feito por alguns militares. Isso levou o então presidente Getúlio Vargas a promover uma repressão e tanto.
A revolta dos “18 do Forte”, ensinada nos nossos livros de história é outra mentira. Não havia 18 revoltosos. Eram somente 11. Não houver heroísmo – eles foram massacrados. A FEB – Força Expedicionária Brasileira – foi outra encenação. Nossos soldados foram passear na Itália. Os americanos já haviam dado conta do recado.
Nos anos 1970, não houve milagre econômico. As estatísticas foram manipuladas, forjadas, e o povo engoliu a história. Nos anos 1990, sob o governo Collor, instalou-se uma epidemia de cólera. Provocada pelo enigmático vibrião colérico. Era mentira. Não houve epidemia, mas a “epidemia” deu chancela ao governo para gastar milhões com medicamentos que nunca deram resultado.
Nos anos 2000, o hoje presidente Mula passeava no exterior, patrocinado pelos sindicatos, para falar mal do Brasil. Dizia, em palestras, que havia 25 milhões de crianças nas ruas, abandonadas. Alertado pelo então prefeito de Curitiba Jaime Lerner que a história era irreal, Mula respondeu que isso não importava. Em vídeos, facilmente achados no YouTube, o analfabeto e pinguço confessa que mentia para impressionar líderes estrangeiros.
Em 2022, então candidato à Presidência, Mula mentiu descaradamente, prometendo vida melhor a todos os brasileiros. Era mentira. E desde que tomou posse, continua mentindo. Esperar o que desse país?
Pra encerrar: dizem que quando Deus terminou de criar o mundo, uma comissão de anjos o procurou para apontar possíveis falhas. Disseram os anjos: por que tanta guerra na Europa, tanto terremoto na Ásia, tanto furacão na América do Norte? E por que no Brasil só existem praias bonitas, solo fértil, e nada de desgraça?”.
No que Deus respondeu: “vocês vão ver o povinho que vou colocar aí”.
Tá explicado?

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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