Anselmo Brombal – Jornalista
O país tem seis, sete, oito milhões de desempregados – nunca se saberá o número correto, uma vez que as estatísticas são manipuladas. Muita gente não quer trabalhar, pois o dinheiro público abastece os “programas sociais” do governo. E ONGs e sociedades filantrópicas completam o assistencialismo, doando roupas, comida, calçados, brinquedos, remédios…
No outro lado está o empresariado reclamando da falta de mão-de-obra, fato facilmente constatado. Os supermercados e empresas de logística são os que mais reclamam. A Shopee, por exemplo, abriu 2.500 vagas para sua unidade de Franco da Rocha, exigindodos candidatos o mínimo do mínimo. O Mercado Livre vive anunciando vagas.
Mas aí está outra questão: será que as empresas estão pagando o justo? Quando não pagam – o que é mais comum – o nível da mão-de-obra cai muito. Já vi açougueiro de supermercado que não sabia diferenciar miolo de alcatra de coxão mole. E numa papelaria, uma funcionária usou calculadora na minha compra, e no final, como eu pagaria em dinheiro e não queria nota fiscal, deu 10% de desconto. Conta feita na calculadora: 100×10%=10; 100-10=90.
Não só o comércio está sofrendo com o nível da mão-de-obra. Muitas indústrias estão dando preferência a idosos; outras, chamando aposentados para voltar ao trabalho. Os mais velhos, entendem essas indústrias, são mais responsáveis, conhecem o trabalho, não faltam por qualquer motivo e nem enchem o RH de atestados médicos.
Tal a necessidade de mão-de-obra, que algumas empresas promovem cursos de formação. A CPFL, por exemplo, sempre tem curso para formar eletricistas. De graça. Os melhores alunos sempre são admitidos antes mesmo de completar o curso. Outros se aventuram a trabalhar por conta própria. E cobram bem.
Juntando tudo: gente que não quer trabalhar, empresas que não pagam o salário justo e só oferecem migalhas, má formação escolar, “programas sociais” só nos levam à situação de escassez de mão-de-obra.
Difícil de resolver, não é?