Anselmo Brombal – Jornalista
O STF mandou prender os generais Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno. O Exército continua silencioso. Não se manifesta, não toma uma atitude sequer. Curva-se à vontade de políticos e “juízes” de reputação duvidosa. Mandou prender também um capitão. E aqui não se discute se houve ou não tentativa de golpe. Se discute a passividade da tropa, que entregou seus companheiros sem qualquer reação.
Estamos mal de Exército, outrora orgulho do país. Já foi a instituição mais confiável e mais admirada. Outros tempos – e não me refiro ao regime militar de 1964. Nesses tempos, bastava mexer com um militar, mesmo soldado raso, para despertar a ira da tropa. Um tempo em que a própria Polícia Militar chamava um oficial do Exército para esse oficial dar voz de prisão a um militar que extrapolasse ou promovesse algum tipo de desordem.
Agora não. Qualquer banana, qualquer juiz Zé Mané manda prender. E o Exército se cala. Consente. Talvez até aplauda, extravasando o gostinho de alguma vingança reprimida. E essas prisões são o ápice da prepotência e da ilegalidade;
Segundo a lei 6.680, de 9 de dezembro de 1980, somente em caso de flagrante de delito o militar poderá ser preso por autoridade policial, ficando obrigada a entregá-lo imediatamente à autoridade militar mais próxima. O cumprimento da punição deve ser em unidade militar (quartel). Casos envolvendo militares devem ser julgados pela Justiça Militar, e jamais pelo STF. Além de militares, não têm fôro privilegiado – e o STF não tem competência para julgá-los.
E não é de agora que o Exército, que antes era mão amiga e braço forte, está desmoralizado, desacreditado. Há algum tempo, um general afirmou publicamente que, em caso de guerra, o país não tem meia hora de munição. E mesmo que tivesse, não seria páreo para enfrentar até traficantes paraguaios.
O Exército atual tem treinamento limitado por orçamentos, cada vez mais à míngua. Para se ter uma ideia do miserê, um comandante de unidade militar precisa pedir autorização a Brasilia para disparar um tiro de obus. Tudo é somente teatro – desfiles, solenidades, eventos com militares fardados, armados com fuzis velhos que não funcionam e parte do armamento que sobrou da Segunda Guerra Mundial.
Os que estão no topo do comando são coniventes com os políticos corruptos que nos governam. Frouxos, covardes e omissos. E enquanto militares condecorados vão para a cadeia, ladrões continuam soltos e roubando cada vez mais. O Exército se cala.



