domingo, 22 setembro, 2024
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Vou fundar uma ONG

Anselmo Brombal – Jornalista

Não sei o nome nem sua finalidade. Mas estou disposto a fundar uma ONG – Organização Não Governamental. É muito fácil. Pouca papelada e isenção total de impostos. Talvez uma pra cuidar de bichinhos. Que não são mais bichinhos. Agora são pets. Não vou gastar um centavo. E vou ganhar muito dinheiro.
Salta aos olhos a cara de pau da Fundação Abrinq. Ela é da associação dos fabricantes de brinquedos. Riquíssima. Dinheiro transbordando no cofre. Mas a Fundação Abrinq está veiculando um comercial pedindo dinheiro para “salvar” pessoas. No comercial, é mostrada uma criança de 12 anos “que foi obrigada a fazer sexo com turistas”. E outra, mais nova, que vive de pegar o lixo. Comovente.
Mas entendo que, quando alguém se propõe a fazer algo tão caridoso, tão altruísta, deve bancar a despesa. Com o dinheiro dos outros é fácil fazer caridade. Ou “salvar” pessoas e animais.
Há inúmeras associações (ou ONGs) que se dedicam a recolher animais de rua. Até aí tudo bem. O problema é que muitas transferem a responsabilidade de sustento para todos nós. Vivem pedindo dinheiro para comprar leite para criancinhas e ração para gato e cachorro. E há um caso mais escabroso. Uma dessas organizações monta costumeiramente uma feira de adoção em frente a uma loja de ração.
E coloca a gaiola com os animais para adoção em frente a loja. Coloca nas ruas algumas pessoas, normalmente mocinhas, pedindo ajuda. Ajuda, no caso, não é dinheiro. É saco de ração. E os caridosos compram sacos e mais sacos de ração para os animais. Sacos que nem saem da loja.
Nós, brasileiros, temos mania de ajudar. Mania de campanhas. E sempre há os espertinhos que aproveitam a boa índole dos demais para lucrar. É gente pedindo comida para doar – traduzindo: fazendo caridade com o chapéu dos outros. É gente pedindo agasalho. É gente pedindo ração de cachorro e gato. Com apelos desesperados, do tipo “recolhi e não tenho condições de cuidar”.
Recomendo o seguinte: quem não quer se coçar, que não arrume a sarna.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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