Anselmo Brombal – Jornalista
De vez em quando aparecem notícias que provam que nosso país está mesmo virado, de pernas pro ar. Incoerência demais. Juízo e noção perdidos. A revista IstoÉ acaba de escolher o ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, como Homem do Ano. Rotulou-o como “incansável defensor da democracia”. E teceu loas à atuação do ministro dentro do STF.
Explica-se. A IstoÉ está mais enrolada que cascavel. Deve horrores. Perdeu sua credibilidade. Perdeu bons profissionais. E pelo jeito logo vai enfrentar processos que podem chegar ao STJ e ao STF. Nada mais cômodo agora do que puxar o saco de quem manda, de quem resolve. E para isso, a IstoÉ está de quatro.
Puxação de saco tem limites. Não pode ser tão explícita assim. Precisaria ser mais sutil, mais inteligente. E inteligência falta na imprensa atual. A Globo está de quatro para o governo. A revista Veja está de quatro. Outros jornais, que um dia já foram bons, estão de quatro também. Resumindo: a imprensa está de quatro. Tal qual uma prostituta em fim de noite, dando plantão para quem está na secura. Vai cobrar baratinho.
Quer mais? O Conselho Federal de Economia elegeu a ex-presidente Dilma Roussef, hoje no comando de um banco do Brics, a Economista do Ano. Justo Dilma, ignorante de pai e mãe. Justo Dilma, uma anta. Justo Dilma, a adoradora da mandioca. Justo Dilma, que queria estocar o vento. Talvez seja por isso que ninguém mais acredita em economistas.
Há dois anos a mesma imprensa calhorda elegeu Pablo Vittar a cantora do ano. Cantora? No entender de certos jornazistas, sim. Não é porque nasceu homem, tem órgãos de homem que não pode ser mulher, dizem eles. Digo o contrário.
Voltemos à revista IstoÉ. Além de “Barroso, um democrata incansável”, IstoÉ destacou: “Flávio Dino, a democracia contra o crime”; “Sonia Guajajara, uma indígena no poder”; “Simone Tebet, a mulher que planeja um país mais generoso”; “Tatá Werneck conquistou o Brasil com filmes e programas de TV”. Tem mais figurinhas, mas não vale a pena perder tempo com isso.
A IstoÉ esqueceu que Barroso não é democrata (“eleição não se ganha, se toma”); Flávio Dino é bandido da pior espécie. Tatá Werneck não conquistou nada e sua audiência é próxima a zero. Simone Tebet se tornou ministra mas não apita nada, e a índia está lá como enfeite.
Estou começando a acreditar que a IstoÉ tem problemas com o Banco do Brasil. Inadimplência talvez. Tanto que destacou “Tarciana Medeiros comanda a revolução no BB”. Pura babação de ovos. Nessa louvação só faltou o chefe da quadrilha. Acho que ficou para o fim do próximo ano. Mas aí a revista poderá fazer uma homenagem mais abrangente.
“Marcola, o homem que quer dividir a renda”; “Fernandinho Beira Mar, o que deixa muitos brasileiros mais felizes”; e ele, o chefe do bando. Notícias que parecem ter saído de um hospício. Mas não. Isso é o que somos obrigados a ver e ouvir. E tem gente que gosta.