sábado, 7 dezembro, 2024
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Novo tratamento pode reduzir cegueira por catarata

Pela primeira vez estamos mais próximos de um tratamento pouco invasivo para catarata inicial que pode melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas que aguardam pela cirurgia, único tratamento efetivo para a condição. Estudo publicado no American Journal of Ophthalmology mostra que um colírio experimental testado pelo FDA, melhora a visão de contraste em ambientes pouco iluminados de 66,7% dos casos de catarata inicial.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, a comprovação da eficácia deste colírio em levantamento conclusivo que já está sendo planejado pelos pesquisadores é de grande importância para a saúde pública. No mundo todo, afirma, o envelhecimento da população acontece em uma velocidade muito maior que a geração de recursos médicos para atender à demanda.
“Isso explica, porque a catarata responde no Brasil por 49% dos casos de cegueira. Além disso, é a cirurgia eletiva mais praticada no Brasil e a que tem a maior fila de espera no SUS (Sistema único de Saúde)”, pontua. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que globalmente só 17% dos que têm catarata recebem o tratamento em tempo adequado. Por isso, a condição que atinge 94 milhões de pessoas no mundo e responde por 51% dos casos de perda da visão. “Para quem aguarda pela cirurgia, toda terapia que diminua a opacidade da visão melhora a autonomia e a segurança”, pontua.
A pesquisa avaliou 41 olhos durante seis meses. Desses 20 usaram placebo e 21 instilaram quatro vezes ao dia colírio contendo 2,6% de ácido etilenodiaminotetracético dissódico com metilsulfonilmetano, também conhecido como C-KAD.
O colírio contendo C-KAD melhorou a visão de contraste em ambientes de baixa luminosidade de 67% dos participantes e proporcionou alguma melhora na acuidade visual. O resultado indica que a medicação desacelera a progressão da doença. O resultado foi tão positivo que os pesquisadores já se preparam para um levantamento maior visando a aprovação da medicação pelo FDA (Food and Drug Administration) autarquia americana similar à Anvisa no Brasil.

O que é a catarata, sintomas e causas
Queiroz Neto afirma que a partir dos 50 anos todos nós vamos ter catarata, uma consequência natural do processo de envelhecimento em que as proteínas do cristalino sofrem degeneração e formam aglomerados que tornam a da lente do olho progressivamente opaca. A condição, comenta, é multifatorial e tem progressão lenta que pode durar mais de uma década. A dificuldade de enxergar em ambientes escuros, troca frequente de óculos, visão de halos ao redor das luzes, cegueira momentânea com faróis contra, a falta de visão de contraste e de detalhes sinalizam o momento para operar.
A catarata, pontua, pode ser de vários tipos. Senil relacionada ao envelhecimento é a mais frequente, geralmente percebida a partir dos 65 anos; Congênita quando surge na primeira infância; Traumática, em caso de pancadas ou ferimentos cirúrgicos no globo ocular, inclusive cirúrgicos; Uso contínuo de alguns medicamentos, como por exemplo, corticoides; Condições como a alta miopia e o diabetes; Exposição ao sol sem proteção UV; Consumo excessivo de sal; Tabagismo. Por isso a evolução varia de uma pessoa para outra, mas quem viver terá catarata.

Tratamento
“O único tratamento efetivo é a cirurgia, uma das áreas da Oftalmologia que mais agregou novas tecnologias”, salienta. O procedimento, ressalta, substitui o cristalino opaco do olho por uma lente intraocular. Pode eliminar definitivamente o uso de óculos pelo implante de lente multifocal que tem vários tipos para se adequar às condições de refração de cada paciente. A cirurgia tem duração de 20 a 30 minutos, é feita com anestesia local e sedação, sem necessidade de internação. O mais importante para uma boa recuperação, é utilizar os colírios após o procedimento conforme a prescrição médica.
Se tem medo de operar Queiroz Neto faz um alerta. A cirurgia de catarata melhora não só a visão, como a saúde sistêmica e emocional. Isso porque, há evidência científicas de que após a cirurgia nossos olhos entregam durante o dia três vezes mais luz azul para as células da retina e para o núcleo supraquiasmático do cérebro que responde pela visão e todas as nossas funções biológicas no período de 24 horas. A maior entrega de luz azul para a retina, explica, estimula a produção de melanopsina que está associada ao aumento da circulação da melatonina , hormônio indutor do sono. A quantidade certa de luz também contribui com a produção equilibrada da serotonina e endorfina que alivia o stress e regular o humor. Por isso, cuide bem de sua visão para ter mais qualidade de vida, conclui.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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